sexta-feira, outubro 30, 2009

11º mês

Tâmaras frescas, a primeira romã, um brinco perdido. A dificuldade em ser razoável. O frio de que tenho saudades, o nevoeiro que me acompanha na manhã e faz esquecer a força bruta que tenho de arrancar-me para fazer a manhã continuar. O nevoeiro que esquece os músculos arrancados das costas.
O reino de Edviges parece seguro depois da diplomacia entre a guerra. Parece, por vezes, que não existe outra possivel, que fora da guerra e da morte não há acordo ou compromisso a que possamos chegar. Esta é uma estação de luz e sombra, quero passar por ela sem que se aperceba. Aprendi que o cansaço vai do despontar do sorriso até aos olhos matando a coragem ou a vida que por eles vi(vi)a.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Outono

As chuvas chegaram e a aranha engorda junto à janela. Deixa-nos os seus cadáveres para eu limpar meticulosa e pacientemente todos os dias. Apesar do ritmo lento e inútil da nossa força de trabalho também engordamos. Enquanto as sementes e as flores se avolumam à nossa volta. Ainda não chegaram notícias das guerras travadas contra os territórios de Edviges. Sonho com livros e com o tempo que nunca terei para eles. Uma vaga de melancolia amarela cobre-me a pele, uma espécie de tortura com brasas encandescentes.