sexta-feira, janeiro 28, 2005

Quando acordo surpreendo-me, nem que seja num milionésimo infinitisimal de segundo. Agora surpreendo-me também quando vejo os teus olhos, ou quando sinto o teu corpo. Mais um milionésimo (este mais longo). Se ficarmos juntos perderei esta surpresa no tempo?

segunda-feira, janeiro 24, 2005

demasiado corpo

Já não bastava ter um coração gigante a bombear-me no peito. Agora adormeço rápida e bruscamente deixando acordadas as respirações de assassinos. É possível viver com assassinos. Que eles tenham vivido sempre junto a nós. Numa manhã descobrimos os seus crimes e sabemos que é demasiado tarde para nós próprios. Pômo-nos a chorar, de pena própria ou alheia. Principalmente por não sabermos fazer nada, nem parar o crime-isto porque se pode assassinar alguém durante muito tempo-nem mudar ou ajudar o criminoso-afinal vivemos sempre com ele-nem passar a adormeçer lentamente sossegando o coração gigante.